Elementais

"Era uma vez Oberón, o Rei dos Elfos, e Titânia, a Rainha das Fadas.
Os dois supremos do Mundo Encantado se odiavam profundamente...
Até o dia em que juraram, um ao outro, amor eterno."

05/05/2014

Elementais - 05


 vento soprava forte e levava as folhas secas embora.
Sibelle chamava, movia os lábios tentando pronunciar um nome, mas voz alguma era ouvida. Ela gritava em silêncio desesperadamente até a noite cair.
Os tons de azul em sua pele aumentavam até ela ser banhada na mais completa escuridão deixando-a sozinha na floresta tão aconchegante para ela, agora tão assustadora.
Ela caiu ao chão, exausta, não sabendo mais o que fazer. O vento açoitava-lhe o rosto e jogava seus longos cabelos em todas as direções. Virou um alvo fácil para folhas e areia, mas ela ainda esperava. Foi quando levantou a cabeça e viu os pontos brilhantes à sua frente. Dois grandes pontos amarelos e brilhantes focando-a de maneira hipnótica que se aproximavam lentamente, rodeando-a. Logo surgiram mais dois. E mais dois.
Assustada, Sibelle começou a correr, mas os pontos brilhantes a seguiam por qualquer lugar que ela fosse.
Os galhos delicados e cheios de flores deram lugar a dedos longos e nodosos, os veios dos troncos se transformaram em carrancas assustadoras enquanto ela corria.
Os pontos brilhantes, e agora já havia bem mais deles, seguiam seu cheiro.
Um clarão.
Um raio rasgou o céu e em seguida tudo desabou.
A tempestade começara, misturando os trovões, a água que caía pesadamente, o rosnar dos lobos que a perseguiam e então uma risada alucinada.
Sibelle tropeçava nas pedras que não conseguia ver, suas roupas enroscavam-se nos galhos e estes cortavam sua pele.
Ela já não sabia por quanto tempo estava correndo. Suas pernas queimavam e já não conseguia mais respirar, e simplesmente foi ao chão, vencida, esperando ser devorada pelos lobos.
Mas nenhum lobo apareceu.
Ela olhou em volta e viu apenas escuridão. Pensou ter visto vultos de duas pessoas mais à frente, mas estava cansada demais para conseguir distinguir alguma coisa, sua vista estava borrada e ela mal conseguia respirar. Abaixou-se novamente encostando a testa na terra molhada da chuva que a cobria também até que ouviu o rosnar dos lobos de olhos de fogo.
Quando levantou a cabeça, descobriu-se cercada por lobos feitos de cinzas e madeira queimada.
Havia alguém atrás dos lobos que rosnavam para ela, famintos, apenas esperando uma ordem.
O vulto estendeu a mão na direção da garota e várias mandíbulas se abriram para ela.
Sibelle transpirava, sentada em sua cama, respirando pesadamente, os primeiros raios de sol despontavam pelas janelas e suas companheiras de quarto dormiam profundamente sob seus lençóis.
Pôs os óculos, olhou para si e respirou aliviada quando se viu intacta, de pijama e inteira.
Tentando se acalmar, lembrou-se do sonho assustador que teve, e lembrou-se de si.
Estava diferente, havia marcas em seu rosto, o cabelo estava adornado com plantas e vestia roupas estranhas, que ela sequer pensaria em usar.
Olhou o relógio de cabeceira; faltava pouco para as seis e ela, com certeza, não conseguiria dormir, com medo de sonhar novamente com os lobos de fuligem e aquele ser estranho que a havia tomado como alimento para eles.
O dia demoraria a raiar...




Os lábios se curvaram num sorriso malicioso. Uma mente fraca é facilmente manipulável, e ela estava cada vez mais suscetível à sua magia. Tudo era uma questão de tempo para que caísse, e então, ir atrás das outras.

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