vento
soprava forte e levava as folhas secas embora.
Sibelle
chamava, movia os lábios tentando pronunciar um nome, mas voz alguma era
ouvida. Ela gritava em silêncio desesperadamente até a noite cair.
Os
tons de azul em sua pele aumentavam até ela ser banhada na mais completa
escuridão deixando-a sozinha na floresta tão aconchegante para ela, agora tão
assustadora.
Ela
caiu ao chão, exausta, não sabendo mais o que fazer. O vento açoitava-lhe o
rosto e jogava seus longos cabelos em todas as direções. Virou um alvo fácil
para folhas e areia, mas ela ainda esperava. Foi quando levantou a cabeça e viu
os pontos brilhantes à sua frente. Dois grandes pontos amarelos e brilhantes
focando-a de maneira hipnótica que se aproximavam lentamente, rodeando-a. Logo
surgiram mais dois. E mais dois.
Assustada,
Sibelle começou a correr, mas os pontos brilhantes a seguiam por qualquer lugar
que ela fosse.
Os
galhos delicados e cheios de flores deram lugar a dedos longos e nodosos, os veios
dos troncos se transformaram em carrancas assustadoras enquanto ela corria.
Os
pontos brilhantes, e agora já havia bem mais deles, seguiam seu cheiro.
Um
clarão.
Um
raio rasgou o céu e em seguida tudo desabou.
A
tempestade começara, misturando os trovões, a água que caía pesadamente, o
rosnar dos lobos que a perseguiam e então uma risada alucinada.
Sibelle
tropeçava nas pedras que não conseguia ver, suas roupas enroscavam-se nos
galhos e estes cortavam sua pele.
Ela
já não sabia por quanto tempo estava correndo. Suas pernas queimavam e já não conseguia
mais respirar, e simplesmente foi ao chão, vencida, esperando ser devorada
pelos lobos.
Mas
nenhum lobo apareceu.
Ela
olhou em volta e viu apenas escuridão. Pensou ter visto vultos de duas pessoas
mais à frente, mas estava cansada demais para conseguir distinguir alguma
coisa, sua vista estava borrada e ela mal conseguia respirar. Abaixou-se
novamente encostando a testa na terra molhada da chuva que a cobria também até
que ouviu o rosnar dos lobos de olhos de fogo.
Quando
levantou a cabeça, descobriu-se cercada por lobos feitos de cinzas e madeira
queimada.
Havia
alguém atrás dos lobos que rosnavam para ela, famintos, apenas esperando uma
ordem.
O
vulto estendeu a mão na direção da garota e várias mandíbulas se abriram para
ela.
Sibelle
transpirava, sentada em sua cama, respirando pesadamente, os primeiros raios de
sol despontavam pelas janelas e suas companheiras de quarto dormiam
profundamente sob seus lençóis.
Pôs
os óculos, olhou para si e respirou aliviada quando se viu intacta, de pijama e
inteira.
Tentando
se acalmar, lembrou-se do sonho assustador que teve, e lembrou-se de si.
Estava
diferente, havia marcas em seu rosto, o cabelo estava adornado com plantas e
vestia roupas estranhas, que ela sequer pensaria em usar.
Olhou
o relógio de cabeceira; faltava pouco para as seis e ela, com certeza, não
conseguiria dormir, com medo de sonhar novamente com os lobos de fuligem e
aquele ser estranho que a havia tomado como alimento para eles.
O dia demoraria a raiar...
Os
lábios se curvaram num sorriso malicioso. Uma mente fraca é facilmente
manipulável, e ela estava cada vez mais suscetível à sua magia. Tudo era uma
questão de tempo para que caísse, e então, ir atrás das outras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário