O primeiro tinha os cabelos castanhos da cor da terra
molhada que lhe caíam desfiados sob os ombros cobertos de folhas de outono,
juntas, formando sua roupa. A pele da cor da canela e aveludada como ela. Os
olhos amendoados e negros demonstravam o amor pelo seu reino, e a devoção e
lealdade para com seus reis.
Oberón segurava a mão de sua esposa, que chorava
silenciosamente. Suas feições eram de tensão e preocupação.
— Morag, aluno mais
brilhante de Gob, o rei dos Duendes. – ele disse, e o jovem de cabelos escuros confirmou silenciosamente que o ouvia. – sua missão, assim como a sua, Ëmmar, -
e o jovem de cabelos de sol confirmou sua atenção. – é encontrar e proteger a Princesa,
nossa filha. Sigam-na, mas sejam invisíveis, não deixem que nada de mal
aconteça a ela. – Os dois jovens assentiram solenemente. Oberón pareceu
satisfeito, mas Titânia suspirou longa e ruidosamente.
— Não temas, minha
estimada Senhora. – Oberón tocou-lhe delicadamente o rosto. – Nossa filha está
segura no mundo dos mortais, longe do medo em que vivemos.
— Eu sei, meu rei.
Mas não o angustia não ver vossa filha crescer e rir? – ela voltara para ele
seus magníficos olhos de jade brilhando pelas lágrimas eminentes. – Não é de
vosso desagrado saber que nossa princesa não tem conhecimento de suas
verdadeiras terras?
— Estou ciente disso,
minha Senhora. Há muito sinto-me triste por ter-me privado do imenso amor que
gostaria de dar à nossa filha. Mas fizemos o que era necessário fazer. Mirror
está morrendo, e só podemos esperar que ela esteja em segurança e que possa
algum dia, retornar e ver este mundo belo, como realmente era.
Fiona espirrou. Sua mãe a olhou e estendeu-lhe um lenço.
— Está se resfriando,
querida?
— Não, mãe. –
respondeu a menina. – Acho que deve ser o pólen. Estamos
entrando na primavera, e tem muitas plantas por aqui.
A mulher olhou de volta para a entrada. – “Sim, tem
razão. Veja como são lindas aquelas flores.”
Uma mulher passou por elas, na direção apontada pela mãe de
Fiona.
— Sibelle... ENTRA!
Sibelle engoliu em seco e seguiu apressada para dentro.
Fiona e sua mãe se olharam. Acompanharam toda a cena; a menina passando de cabeça
baixa, acompanhando a mulher até o balcão de informações. A funcionária que gesticulou, entregou alguns papéis e uma senha. As duas que foram se
sentar em um banco de espera para preencher os papéis.
Fiona olhou bem a menina. Pensou tê-la visto tremer um pouco
ao pegar os papéis das mãos da senhora, mas voltou sua atenção para o
formulário à sua frente.
Cookie voou da entrada até o balcão vazio. Sua mãe caminhou
até ela calmamente e parou ao seu lado.
— Viu como não
adiantava correr daquele jeito? – a mulher elegante tirou os óculos escuros e
usou-os como tiara.
— Mas peguei o balcão
vazio – ela estava sem fôlego. Sua mãe bufou e conversou com a funcionária.
Ao seu lado, Lílieth devolvia o seu formulário e
pegava uma chave com um chaveiro de coração vermelho.
— Seu quarto fica na
ala Sul. Aqui está o seu mapa. Pode explorar a escola. Ao meio-dia será servido
um almoço de boas-vindas no salão principal, aqui. – disse apontando o lugar no
mapa. – Não tem como errar. Tem uma grande Rosa dos Ventos no chão.
— Obrigada. – Lílieth
recolheu as coisas, pôs a chave na bolsa junto com as outras chaves e seguiu
com sua mãe para dentro do castelo.
Fiona olhou para ela e para as outras meninas sentadas
respondendo aos formulários. Reparou que Sibelle tinha os ombros levantados
mais do que o normal, sua mãe estava com os lábios contraídos. Não soube porquê,
mas sentiu uma grande compaixão por ela. Suspirou tristemente, então olhou para
Cookie, do outro lado do saguão. Ria e respondia aos formulários com a mãe.
Sorriu solenemente para ela, mesmo a outra garota não tendo visto.
Ela queria fazer amigos ali, e sabia com quem começar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário